Cães farejam infectados por Covid-19!

  • Escrito por Claudio M
  • Sep 20, 2020
  • Atualizado em Oct 20, 2020
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Cães farejam infectados por Covid-19!

Um estudo alemão, iniciado em Julho de 2020, concluiu que cães farejadores podem ser treinados em menos de uma semana para detectar indivíduos infectados com o SARSCoV-2, o vírus causador da Covid-19. Mas como isso é possível? Vamos conversar um pouco sobre os fundamentos desse estudo, analisar seus resultados e suas possíveis aplicações…

Fonte: BCM artigo 10.1186

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O que é o odor?

O que entendemos como odor, ou cheiro, é nada mais que moléculas que se desprendem de objetos. Ao terem contato com os receptores olfativos dos animais, essas moléculas criam as reações químicas e físicas que permitem sua identificação.

Nós percebemos essas moléculas quando elas se dissolvem no muco que proteje esses receptores, e é onde ocorrem as reações que serão passadas às nossas terminações nervosas. Por causa da sensibilidade desse tecido, poucas moléculas dispersas no ar já são o suficiente para detectar um aroma.

Cão treinado

Cães farejadores: o olfato como sentido de primeira classe

Cães em geral, e algumas raças específicas em particular, possuem um aparelho olfativo e uma programação neural bastante superior à humana. Para eles, o sentido do olfato se compara à visão para nós, em sofisticação. Eles evoluíram para usar o olfato como sentido principal de sobrevivência.

Seus focinhos mais longos abrigam um aparelho olfativo muito maior. Um cão da raça bloodhound, por exemplo, possui até 300 milhões de receptores olfativos, enquanto nós não passamos de 5 milhões. Por eles estarem distribuídos em um espaço maior, o cão pode detectar e analisar mais aromas simultaneamente.

Mais que isso, enquanto nós humanos captamos os cheiros junto com a respiração, cães e outros mamíferos terrestres possuem um órgão específico para o olfato, o vemeronasal (órgão de Jacobson), e possuem controle consciente dele. Quando um cão quer analisar um aroma com mais cuidado, ele manda intencionalmente o ar (tanto na inspiração, quanto na expiração) para lá.

É também uma percepção em estéreo. Eles farejam pelas narinas esquerda e direita de forma independente. Isso não só permite que eles localizem a direção de um cheiro, como também avaliar a distância da fonte, da mesma forma que nossos dois olhos nos permitem avaliar a profundidade do que estamos vendo.

Por fim, não devemos deixar de lado sua programação cerebral. Para os cães o olfato é a sua principal forma de entender o mundo, conseguir comida e fugir de perigos. Eles não tem preconceitos com os cheiros, não os relacionam com desagrado ou prazer.

Nós humanos evitamos odores desagradáveis ou recorrentes, e quando não conseguimos nosso cérebro “apaga” a sensação, permitindo que nos concentremos em outros cheiros. Como os cães não precisam fazer isso, não existe exatamente um “cheiro ruim” para eles. É por isso que vemos cães cheirarem lixo sem o menor pudor. No entanto eles não gostam de odores muito fortes, da mesma forma como nós não gostamos de holofotes na nossa cara!

Por causa de todas essas habilidades, cães são grandes amigos para policiais rastreando fugitivos ou entorpecentes, por exemplo. Mas doenças? Como isso seria possível? Vamos chegar lá…

Infecções e compostos orgânicos

Em 2013, um estudo feito na Universidade de Vermont (EUA) de autoria da Dra. Jane Hill, demonstrou que é possível detectar infecções pulmonares através da análise do hálito dos pacientes, de forma mais rápida que a análise comum (feita normalmente com uma cultura de células a partir da secreção pulmonar, escarro).

Isso porque células infecciosas ou infectadas tem um metabolismo próprio, e liberam substâncias orgânicas chamadas VOC (Volatile Organic Compounds), moléculas orgânicas que se dispersam no ar.

Ora, isso é exatamente o tipo de coisa que o olfato dos cães pode detectar!

estudo

O Estudo

Originalmente publicado no BMC Infectious Diseases e validado por pesquisadores diferentes duas vezes, esse estudo feito por Paula Jendrny (Universidade Médica de Hannover, Alemanha) e uma grande equipe multidisciplinar obteve saliva e secreções de mais de mil voluntários (1012), coletados de forma duplo-cega (nem quem fez a coleta e nem quem a usou sabem se o material está infectado ou não, apenas o controlador do estudo sabe) e de forma randômica (os pacientes não foram escolhidos seguindo quaisquer critérios).

Esse material foi usado para treinar cães farejadores experientes. Ao fim de uma semana, eles se tornaram capazes de detectar pessoas saudáveis com infectadas com uma acuidade de cerca de 96.35%. Isso é melhor que muitos dos testes mais baratos, e sem dúvida mais rápido.

Lembrando que todos os detalhes da pesquisa podem ser encontrados no BMC, em (https://bmcinfectdis.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12879-020-05281-3 )

Aplicações

Apesar de ter iniciado em Julho, o estudo é ainda preliminar. Mas seus resultados permitem aplicações óbvias, como permitir utilizar farejadores em áreas de potencial intenso fluxo de pessoas, como aeroportos, rodoviárias ou centros médicos, permitindo uma identificação precoce de individuos ou grupos de indivíduos infectados.

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